01 julho 2009

O lixo nosso de cada dia!

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira

FETAEP na Pousada João de Barro

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), através da funcionária Mariléia, trouxe à nossa cidade um grupo de agricultores de diversas localidades do Paraná para conhecerem o Sistema Agroflorestal.
O grupo foi recepcionado pelo Engenheiro Agronomo Nelson Eduardo Correia Netto e pelo Presidente da Cooperafloresta Pedro Oliveira de Sousa. Os visitantes conheceram as propriedades de Nelma e de Sezefredo Gonçalves da Cruz, o pioneiro na implantação do sistema agroflorestal na região. Em sua propriedade atualmente funciona a sede da Cooperafloresta. No local estão instaladas câmaras de climatização, uma pequena fábrica de doce de banana e uma área destinada à seleção e embalagem dos produtos
Após o jantar na Pousada, O Sr. Nelson discorreu sobre os conceitos básicos e fundamentos da agrofloresta e fez um relato do trabalho desenvolvido no local.

Ao Pessoal da FETAEP o nosso abraço!

14 junho 2009

Feriado Radical

Quinta-feira, dia 11, chegam pela manhã dois casais, prá lá de simpáticos, de bem com a vida e atrás de muitas atividades
Josiane e Sandro
Elis e Jackson

Uma cavalgada até a Cachoeira da Dona Rosa e o regresso no início da noite

Dia 12, Dia dos Namorados e dia de Arvorismo!

Elis dando os primeiros passos na escada de madeira

Josiane passando pela escada de cordas

Uma falsa baiana para o Jackson

A dificuldade do Circuíto é gradativa e traz a oportunidade de um desenvolvimento pessoal, despertando os sentidos, testando a autoconfiança, dominando o medo de altura, coordenando as habilidades físicas, proporcionando assim: conhecimento e aventura
Uma teia para complicar um pouco e o restante é só alegria!

Depois escalamos o paredão

Este foi o mais rápido, só23 s!
Párabens!



O Pico do Caldeirão com 640 m de desnível, que permite decolagens de asas e gliders, foi visitado por nossos hóspedes, foram 7 Km de muita adrenalina, somente veículos 4X4 mais dispostos como o Engesa para chegar ao alto

Daqui de cima a vista é exuberante!
A gente fica nas nuvens

Vista apaixonante da Cachoeira

Estamos na Cachoeira do Dito Salu, 80 m de queda d'água e muita beleza

Fomos visitar o Sítio Agroflorestal Boa Esperança, para chegarmos lá, temos duas opções: pela água, de canoa ou pelo ar, numa tirolesa de 280 m, passando sobre o Rio Pardo. Quem experimenta essa travessia radical, nunca mais esquece!

Aqui estamos conhecendo uma tirolesa de mais ou menos 500 m, que serve para trazer caixas de bananas dos morros, o objetivo é economizar tempo e diminuir desgaste com mão de obra.

Ao fundo o Pico do Caldeirão

09 junho 2009

TER OU NÃO TER NAMORADO?

Quem não tem namorado
é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo.
Namorado é a mais difícil das conquistas.
Difícil por que namorado de verdade é muito raro.
Necessita de adivinhação, de pele, de saliva,
lágrimas, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil .
Mas namorado é mesmo difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito,
mas ser aquele a quem quer se proteger
e quando se chega ao lado dele a gente treme,
sua frio e quase desmaia, pedindo proteção.
A proteção dele não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira,
basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor,
é quem não sabe o gosto de namorar.
Se você tem três pretendentes , dois paqueras,
um envolvimento e dois amantes,
mesmo assim pode não ter um namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva,
cinema sessão das duas, medo do pai,
sanduíche de padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho,
quem se acaricia sem vontade de virar sorvete
ou lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade.
Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida,
escondida, fugidia ou impossível de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas,
do carinho escondido na hora em que passa o filme,
de flor catada no muro e entregue de repente,
de poesia de Fernando Pessoa,
Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar,
de gargalhadas quando fala junto ou descobre a meia rasgada,
de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia
ou mesmo metrô, nuvem, cavalo alado,
tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado,
fazer sesta abraçado, fazer compras junto.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele,
abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e do amado
e sai com ela para parques, fliperama,
beira d´agua, show de Milton Nascimento,
bosques enluarados, ruas de sonho ou musical do metrô.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele,
quem não dedica livros, quem não recorta artigos,
quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado.
Não tem namorado quem ama sem gostar,
quem gosta sem curtir, quem curte sem se aprofundar.
Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto
de ser lembrado de repente no fim de semana,
de madrugada ou no meio dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar,
quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações,
quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado quem não fala sozinho,
não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre
e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos,ponha a saia mais leve,
aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar.
Enfeite-se com margaridas e ternuras
escove a alma com leves fricções de esperança.
De alma escovada e coração estouvado,
saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui
e sorria lírios para quem passar debaixo de sua janela.
Ponha intenções de quermesse em seus olhos
e beba licor de conto de fadas.
Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta
e do céu descesse uma névoa de borboletas,
cada qual trazendo uma pérola falante
a dizer frases sutis e palavras de galanteria.
Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu
aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar
e de repente começar a fazer sentido."
(Carlos Drummond de Andrade)

06 junho 2009

A Carta do Chefe indígena Seattle (1854)

Cachoeira do dito Salu


Em 1854, o Governo dos Estados Unidos tentava convencer o chefe indígena Seatle a vender suas terras. Como resposta, o chefe enviou uma carta ao presidente que se tornou famosa em todo o mundo. Seu conteúdo merece uma reflexão atenta pois é uma lição que deve ser cultivada por todos, por esta e pelas futuras gerações.
Um exemplo sublime de consciência holistíca e ecológica. Uma denúncia à ganância do homem branco, cioso de seu intelecto . Um grito contra a injustiça dos que pensam ter o direito sobre a terra, excluindo seus semelhantes e outros seres vivos. Um apelo ao humanismo:

"O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro: o animal, a árvore o homem, todos compartilham o mesmo ar. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao (seu próprio) mau cheiro. (...)
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se nós decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos
O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma solidão de espirito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma lição em tudo. Tudo está ligado.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com a vida de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas: que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer a terra acontecerá também aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Disto nós sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem é que pertence à terra. Disto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu a teia da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizermos ao tecido, fará o homem a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala como ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos ( e o homem branco poderá vir a descobrir um dia): Deus é um só, qualquer que seja o nome que lhe dêem. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho. A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu Criador. Os homens brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente iluminados pela força de Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos das florestas densas impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídas por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los.
Cada pedaço de terra é sagrado para o meu povo. Cada ramo brilhante de pinheiro, cada punhado de areia das praias , a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho...
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhe vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhe vendermos nossa terra vocês devem lembrar e ensinar para seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem, dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra tudo que necessita. A terra, para ele, não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, extraindo dela o que deseja, prossegue seu caminho. Deixa para traz os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa...Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei... nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem vermelho seja um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta de um homem, se não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

"Só depois da última árvore derrubada, do último peixe morto e do último rio envenenado, é que Vocês irão perceber que dinheiro não se come." Autor desconhecido